Meio Ambiente

Degradação florestal na Amazônia atinge recorde histórico em 2024

A degradação florestal na Amazônia alcançou níveis inéditos em 2024, com 26.246 km² de floresta degradados de janeiro a setembro, segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Essa área, comparável ao tamanho do estado de Alagoas, representa o maior índice de degradação registrado nos últimos 15 anos, superando em quase quatro vezes o recorde anterior de 2022, que foi de 6.869 km².

Os números divulgados nesta sexta-feira (25) revelam que 77% da degradação de 2024 ocorreu apenas em setembro, quando 20.238 km² de floresta foram afetados. A maior parte dos danos foi atribuída às queimadas, intensificadas durante o período seco, como explica a pesquisadora do Imazon Larissa Amorim: “Setembro costuma ser um mês marcado pelo aumento dessas práticas, mas os números de 2024 foram muito mais elevados do que o observado anteriormente.”

Degradação e suas diferenças com o desmatamento

Enquanto o desmatamento é caracterizado pelo corte total das árvores e a abertura de áreas de floresta, a degradação florestal acontece de forma gradual, seja pela remoção de árvores valiosas, pela propagação do fogo ou pelos efeitos das mudanças climáticas. Esse processo danifica a vegetação sem necessariamente eliminar toda a cobertura florestal.

Ranking dos estados mais afetados

O Pará foi o estado mais impactado em setembro, concentrando 57% da área degradada na Amazônia, com 11.558 km². Sete dos dez municípios mais atingidos estão localizados no estado, incluindo São Félix do Xingu (3.966 km²), Ourilândia do Norte (1.547 km²) e Novo Progresso (1.301 km²), que ocupam as três primeiras posições no ranking.

Outros estados também apresentaram significativos níveis de degradação: Mato Grosso (25%), Rondônia (10%) e Amazonas (7%). Rondônia registrou um aumento alarmante, com a degradação saltando de 50 km² em setembro de 2023 para 1.907 km² no mesmo período de 2024, um crescimento de 38 vezes.

Apesar de um decreto de emergência e a proibição do uso do fogo em setembro, a eficácia dessas medidas tem sido limitada pela falta de fiscalização e responsabilização dos infratores, como aponta Carlos Souza Jr., coordenador do programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon: “É necessário que as ações sejam acompanhadas de fiscalização rigorosa para que a proibição do uso de fogo tenha efeito.”

O avanço do desmatamento

Além da degradação, o desmatamento na Amazônia cresceu pelo quarto mês consecutivo. Em setembro de 2024, foram desmatados 547 km², somando 3.071 km² no acumulado do ano. O Pará liderou o desmatamento, concentrando 52% da devastação no mês, seguido pelo Amazonas (16%) e pelo Acre (15%). Dos dez municípios que mais desmataram, sete são paraenses.

“Em setembro, o Pará destruiu uma área equivalente a 970 campos de futebol de floresta por dia, impactando unidades de conservação, terras indígenas e assentamentos. É urgente implementar ações eficazes para proteger a região, fortalecendo os órgãos de fiscalização ambiental e combatendo as mudanças climáticas impulsionadas pela perda de vegetação”, alerta Souza Jr.

A urgência de ações para proteger a Amazônia

Os números de degradação e desmatamento refletem um cenário crítico para a Amazônia em 2024. A perda de cobertura vegetal compromete não apenas a biodiversidade, mas também as comunidades que dependem da floresta para sobreviver. A necessidade de uma resposta integrada e robusta é evidente, com investimentos em fiscalização, monitoramento e políticas que efetivamente combatam a devastação e promovam a sustentabilidade da região.

A situação também reforça a importância de discutir a proteção da Amazônia em um contexto mais amplo, incluindo medidas para mitigar os impactos das mudanças climáticas e fortalecer a economia local de maneira sustentável

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