Amazonas

Pesquisa produz guias ilustrados com espécies de borboletas que se alimentam de frutos

Trabalho dos pesquisadores foi amparado pelo Programa Biodiversa da Fapeam

A presença e a diversidade de borboletas frugívoras (que se alimentam principalmente de frutos) em uma área fornecem indicativos sobre o estado de conservação do ecossistema, devido à sua especificidade ambiental e sensibilidade a mudanças no habitat, seja por desmatamento, degradação ou alterações climáticas.

O principal resultado de pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), foi a produção de seis guias de identificação de borboletas frugívoras, com mais de 100 espécies encontradas nas Unidades de Conservação (UCs) da Amazônia brasileira.

Amparado via Programa Biodiversa/Fapeam, o estudo intitulado “Guias de borboletas frugívoras do Amazonas: informações para uso técnico, científico e social” catalogou a diversidade de borboletas frugívoras de seis UCs do Amazonas: a Reserva Extrativista (Resex) Arapixi, o Parque Nacional (Parna) Nascentes do Lago Jari, Parna do Jaú, Parna dos Campos Amazônicos, Parna Mapinguari e a Reserva Biológica (Rebio) do Uatumã. Foram catalogadas tanto borboletas comumente encontradas na Amazônia, quanto algumas raras e pouco amostradas.

Os guias foram escritos e coordenados pelos doutores em Biologia (Ecologia), Isabela Freitas Oliveira, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Fabricio Beggiato Baccaro, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Durante a fase de pesquisa, foram identificadas diversas espécies, algumas com potencial como bioindicadoras de ambientes preservados e perturbados, que podem auxiliar os gestores das UCs a desenvolver diagnósticos ambientais mais completos.

Guias ilustrados
O estudo contou com a colaboração e a logística do Programa Nacional de Monitoramento da Biodiversidade – Programa Monitora, do ICMBio, que vem sendo desenvolvido há mais de 10 anos. O programa realiza o monitoramento anual de borboletas frugívoras em diversas UCs Federais nos biomas Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica.

Primeiramente, a captura desses insetos foi realizada por meio de coletas em duas campanhas anuais, usando armadilhas com iscas atrativas. As borboletas capturadas foram enviadas para Manaus, onde foram identificadas, fotografadas e depositadas em coleções entomológicas de referência. Logo depois, houve as fases de identificação das borboletas até o nível de espécie, registro fotográfico das amostras, revisão por taxonomistas especializados, diagramação e produção do conteúdo dos guias e, por fim, a publicação e disponibilização para uso técnico e educativo.

O coautor Fabricio Beggiato Baccaro afirmou que cada guia inclui informações detalhadas sobre a biodiversidade de borboletas específicas a cada região e suas características ambientais. “Os guias trazem uma estrutura gráfica de uma coleção. Ou seja, todos os guias têm os mesmos tópicos e estão estruturados da mesma forma. Obviamente, a exceção são as espécies e informações locais sobre a UC em questão. Nosso objetivo foi criar um material que poderia ser usado não só pelos gestores, mas também pelos moradores locais e turistas”, explicou.

A coautora Isabela Oliveira complementou ainda que um dos resultados importantes da pesquisa foi a identificação das chamadas “espécies crípticas”, aquelas que possuem aparência muito similar. Com isso, facilita o trabalho de monitores, entusiastas e jovens pesquisadores na diferenciação dessas espécies.

“Contribuímos para suprir uma lacuna importante, uma vez que ainda são raros os guias de borboletas voltados para a Amazônia brasileira que trazem fotografias de alta qualidade e são disponibilizados gratuitamente”, enfatizou sobre a importância dos guias.

Cada Unidade de Conservação possui características ambientais e contextos biogeográficos únicos, o que influencia a diversidade das borboletas presentes, apresentando uma proporção distinta de tribos e espécies, que são influenciadas por essas variações ambientais, climáticas e biogeográficas.
As espécies mais comuns, sendo encontradas em todas as seis UCs e geralmente em outras regiões da Amazônia brasileira, foram: Catonephele acontius, Nessaea obrinus, Pseudeuptychia herseis, Opsiphanes invirae e Taygetis sosis. Já aquelas que foram raramente capturadas e que, anteriormente, não possuíam fotografias ou fotografias em cores em artigos ou guias, foram: Eunica amelia (fêmea), Hamadryas alicia, Hamadryas belladonna e Taygetis oyapock.

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