Pará

Restauração do Xingu alia créditos de carbono e inclusão social para desenvolvimento sustentável

A Unidade de Recuperação Triunfo do Xingu (URTX), situada em Altamira (PA), está no centro de um projeto pioneiro que busca regenerar áreas degradadas da Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu. Lançado durante a COP 29, o projeto pretende alinhar a restauração ambiental com a valorização da floresta, empregando créditos de carbono como ferramenta de financiamento sustentável.

O pesquisador Leandro Valle Ferreira, do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), destaca que a recuperação de ecossistemas degradados nessa escala demanda altos investimentos, estratégias robustas e integração comunitária. Entre os maiores desafios técnicos, estão a produção de mudas em larga escala e a seleção das espécies apropriadas para recriar a biodiversidade local. O plantio direto de mudas e a criação de corredores ecológicos são apontados como soluções eficazes para maximizar o sequestro de carbono e garantir a conectividade biológica, essenciais para a biodiversidade da região.

Além da questão técnica, o engajamento das comunidades locais é considerado vital para o sucesso do projeto. Ferreira ressalta que a restauração deve ser acompanhada por ações que promovam emprego e renda, como o fornecimento de insumos para cadeias produtivas agroflorestais e a capacitação de mão de obra local. “A integração das comunidades garante a sustentabilidade a longo prazo e ajuda a transformar a realidade social da região, combatendo o desmatamento ilegal e promovendo uma economia mais justa”, observa o pesquisador.

Com um investimento inicial estimado em R$ 258 milhões, o projeto busca sequestrar cerca de 3,7 milhões de toneladas de carbono ao longo de 40 anos de concessão. Além disso, a iniciativa prevê a criação de mais de 2 mil empregos diretos e indiretos, reforçando o impacto social na região.

O governo do Pará apoia a URTX por meio do Plano de Atuação Integrada (PAI), que combina regularização fundiária e ambiental, melhorias em infraestrutura e serviços públicos, além de reforçar a segurança local. A colaboração com entidades como o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) e a The Nature Conservancy Brasil (TNC Brasil) fortalece a integração entre políticas públicas e o setor privado.

A restauração da APA Triunfo do Xingu vai além de ser apenas uma ação ambiental. É um modelo de como a conservação da floresta pode estar atrelada ao desenvolvimento sustentável, promovendo soluções que beneficiem tanto a natureza quanto as comunidades locais. O edital de concessão, aberto até março de 2025, traz a oportunidade de consolidar o Xingu como um exemplo de economia verde na Amazônia.

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