Amazônia

Tecnologia e Conservação: Monitorando a Biodiversidade e o Clima na Amazônia

O canto dos pássaros, o caminhar silencioso da onça-pintada e os sinais trocados entre pirarucus nos rios formam a sinfonia natural da Amazônia. Para o biólogo Emiliano Ramalho, esses sons são mais que música: são indicadores do equilíbrio ecológico. “Se um dos ‘instrumentos’ desafina ou para de tocar, o descompasso é evidente”, diz o pesquisador, que há mais de 20 anos vive na floresta e lidera o Projeto Providence, do Instituto Mamirauá, em Tefé, Amazonas.

Desde 2016, o projeto emprega sensores automatizados de som e imagem para monitorar a biodiversidade. Com mais de 40 dispositivos operando continuamente, o alcance é revolucionário. “A tecnologia nos permite observar espécies e comportamentos que métodos tradicionais jamais captariam. É como um sétimo sentido”, explica Ramalho, especialista em onças-pintadas. Ele reforça que a preservação desse predador está intrinsecamente ligada à saúde da floresta: “Sem a floresta, a onça desaparece; sem a onça, perdemos a floresta. Precisamos mudar o paradigma de desenvolvimento.”

Ecologia Digital: Mapas e Árvores em Risco

O cientista Thiago Sanna Freire Silva, professor na Universidade de Stirling, Escócia, utiliza tecnologia Lidar para mapear florestas inundáveis em 3D. Seu objetivo é compreender os impactos de secas e cheias extremas nas árvores. “Secas intensas podem estressar as árvores e torná-las vulneráveis. Precisamos antecipar essas mudanças e criar estratégias de proteção para florestas e comunidades”, afirma.

Luciana Gatti, coordenadora do Laboratório de Gases de Efeito Estufa (LaGEE) do Inpe, monitora a Amazônia pelo ar desde 2004. As análises revelam que o desmatamento reduz chuvas, aumenta temperaturas e transforma a floresta em uma fonte de carbono. “Quanto mais desmatada, mais carbono é emitido. Destruir a floresta não é progresso. Restaurar e proteger a Amazônia é essencial para a sobrevivência do planeta”, alerta Gatti.

Tecnologia e Comunidades: A Força da União

Apesar dos desafios, os cientistas encontram esperança ao aliar tecnologia ao conhecimento local. “As comunidades têm um papel essencial na proteção da floresta. Quando capacitadas, podem ser agentes transformadores”, conclui Silva.

Essa reportagem integra a série *Em Defesa da Amazônia*, que aborda os impactos das mudanças climáticas e será publicada ao longo do ano da COP30, prevista para novembro, em Belém.

Fonte: Agência Brasil.

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